Nos últimos meses, executivos brasileiros conduziram esforços significativos em Washington, na tentativa de persuadir autoridades americanas a estabelecer um canal de diálogo entre o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar das movimentações intensas, auxiliares próximos a Lula minimizam a influência do setor privado brasileiro neste processo.
Fontes diplomáticas apontam que empresários como os irmãos Batista, da JBS, e Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), desempenharam papéis relevantes nas negociações. Entre outros, eles teriam tomado a iniciativa de contratar o escritório de lobby de Brian Ballard para auxiliar nas negociações contra o aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Em setembro, uma delegação de mais de 100 líderes de associações e empresários esteve em Washington D.C., encontrando-se com membros dos departamentos do Tesouro e Estado americano. Durante essas reuniões, discutiram práticas comerciais e documentaram a importância econômica de uma possível reversão nas taxas sobre produtos brasileiros.
Ricardo Alban, presidente da CNI, destacou que, apesar de as sinalizações de Trump terem sido bem-recebidas, os empresários não tinham conhecimento prévio de sua disposição em dialogar com Lula. Enquanto isso, o governo brasileiro mantém que a mudança de postura de Trump foi espontânea, desacreditando a hipótese de que o setor privado teve um papel crucial nas decisões do presidente americano.
Interlocutores do governo enfatizam que Trump toma decisões de forma autônoma, não se submetendo a pressões externas. Apesar de reconhecerem os esforços, acreditam que a aproximação entre os dois líderes foi mais uma demonstração de interesse do governo americano em responder negativamente às tarifas, do que resultado direto da influência empresarial brasileira.
Essas dinâmicas refletem a complexidade das relações bilaterais e a multiplicidade de atores envolvidos na esfera diplomática e econômica. Por fim, demonstra a tentativa das nações de buscar entendimento em tempos de tensões comerciais, ainda que os méritos desse diálogo sejam disputados entre setores oficiais e privados.